COLABORADORES
Capa Allan Ralph e Rodrigo Tardelli
Foto Júlio Andrade
Assessoria DD Assessoria
Rodrigo Tardelli e Allan Ralph falam sobre “Estranho Jeito de Amar” e comemoram mais de 3 milhões de visualizações na série
Com mais de 3 milhões de visualizações nos episódios já disponíveis no YouTube, “Estranho Jeito de Amar”, estrelada pelos atores Rodrigo Tardelli e Allan Ralph, que estampam a nova edição da Atitude Mag, é uma série gay que vem se tornando um grande sucesso na internet e se consolidando cada vez mais como um projeto que ultrapassa o mero entretenimento e chega como ferramenta de informação que gera discussões e talvez, até mesmo, a auto reflexão. A trama traz conflitos profundos de controle e dependência emocional em um relacionamento abusivo.
“Estranho Jeito de Amar” conta a história de Gael e Noah, interpretados respectivamente por Rodrigo Tardelli e Allan Ralph. Noah é um modelo de São Paulo, que viaja para o Rio de Janeiro a trabalho e conhece Gael, dono de uma casa que é locação de uma animada pool party, onde se conhecem e a atração entre os dois é imediata. Gael convida Noah para morar com ele, prometendo novas oportunidades no Rio. À medida que a relação se desenvolve, começam a surgir conflitos profundos envolvendo controle e dependência emocional e revelando camadas complexas dos personagens e seus passados.
A ideia inicial partiu de Rodrigo, que passou de um curta-metragem, a uma minissérie, até chegar por fim, no projeto de websérie. Ele conta que compartilhou a história com o roteirista Leonardo Torres e em seguida começaram a criar juntos o universo de “Estranho Jeito de Amar”. Ele queria investir em uma temática que fugisse do clichê das histórias LGBTs com protagonismo gay. Para eles, o objetivo era atingir de forma profunda, explorando a dependência emocional e uma relação cheia de controle.
Ao trazer à tona esses temas dentro do universo LGBT, eles buscam desafiar a normalização de comportamentos tóxicos e oferecer um espelho para o público identificar e refletir sobre suas próprias experiências. É uma produção que visa a conscientização e a promoção de relações mais saudáveis.
Vocês esperavam todo o sucesso que o projeto vem alcançando?
Rodrigo: Claro que a gente sempre deseja que a série seja um sucesso, mas o crescimento foi muito rápido, especialmente em comparação com outros projetos LGBT de webséries no YouTube. Ela alcançou um destaque enorme em pouco tempo, o que me deixou muito feliz”, aponta.
E como vem sendo o retorno do público em relação ao que a trama transmite?
Rodrigo: É com muita felicidade que eu posso dizer que a mensagem chegou onde eu esperava. Muitas pessoas se sentiram impactadas, algumas até gatilhadas, mas várias se enxergaram nas situações retratadas e puderam se identificar. Com isso, conseguimos alertar muitas outras para que reconhecessem essas situações em suas próprias vidas e, quem sabe, evitassem consequências negativas. Acho que o verdadeiro sucesso está nesse conjunto de coisas, e o fato de termos alcançado isso tão rápido me deixou muito satisfeito.
Como vocês enxergam o impacto emocional e transformador da série na vida das pessoas, especialmente em relação à falta de representatividade e discussões sobre esses temas antes do lançamento?
Allan: Podemos falar de um sucesso mercadológico ou capitalista, ou até de um sucesso profissional, envolvendo toda a equipe que produziu a série. No entanto, acredito que o principal sucesso é o pessoal e emocional, onde a gente percebe que a série se tornou um veículo de transformação e informação, uma forma de reflexão para uma comunidade que precisava dessa mensagem e, até então, não tinha ninguém falando ou levantando essa pauta. Esse é o maior sucesso da série: saber que estamos sendo um meio, uma ponte, para levar essa informação e promover a possibilidade de transformação para diversas pessoas. E é por meio disso que estamos, de fato, alcançando algum nível de mudança positiva na sociedade.
Se vocês pudessem deixar uma mensagem para cada um dos personagens que interpretam na série, o que falariam?
Allan: A primeira coisa que vem à mente é: “Corra, fuja, saia daí, você não precisa disso”. Mas a realidade não é tão simples. Não podemos ser ingênuos a ponto de achar que uma frase assim faria com que o personagem acordasse, ou que alguém vivendo uma situação dessas mudasse de imediato. A vida real não funciona assim.
Então acho que o que eu diria para o Noah é: percepção. Fique atento aos detalhes, ao comportamento, a tudo que te machuca ou te parece estranho. Observe se há algo que te desestabilize, algo que te apaga. Porque é a partir dessa percepção que o personagem — ou a pessoa que está vivenciando isso — pode começar a se conscientizar do que realmente está acontecendo. E no fim, é isso que a gente quer. Somente com essa consciência é que o movimento de sair dessa situação, que todos desejamos, pode acontecer. Mas esse movimento tem que vir de dentro. Então, é isso: percepção, consciência, e atenção aos detalhes.
E você Rodrigo? Visto que seu personagem é o que está errado dentro desta trama? Como você lidaria se pudesse ter uma conversa com ele?
Rodrigo: O que eu diria para o Gael é: “Gael, faça terapia. Antes de querer cuidar de alguém, antes de querer oferecer o mundo para alguém ou amar alguém, cuide de você primeiro. Ame a si mesmo, olhe para dentro e resolva as questões que precisam ser trabalhadas em você. Antes de tentar passar qualquer coisa adiante, proteja-se. Perceba que muitas coisas que você cresceu acreditando serem normais ou corretas, talvez não sejam. Há muito a ser desconstruído dentro de você”. Acho que isso é o que eu diria para o Gael hoje.
Tem alguma história engraçada dos bastidores que vocês gostariam de compartilhar com a gente?
Rodrigo: Uma história curiosa, que não é exatamente engraçada, mas vale a pena mencionar, é que o Allan ficou muito doente durante o processo de gravação. Nós tínhamos apenas três dias para gravar, e em dois deles ele ficou realmente mal. As cenas, mesmo as mais tranquilas, eram muito desafiadoras, porque sempre havia alguma camada de tensão, já que a série trabalha muito com questões individuais e também com a dinâmica do casal. Então, todas as cenas envolviam a gente, e ele estava bem debilitado, mas, graças a Deus, conseguiu o suporte necessário da nossa parte para continuar. Ficamos realmente muito apreensivos e com medo de não conseguir gravar tudo, porque só tínhamos aquela casa disponível por aqueles dias, e ultrapassar o cronograma não era uma opção. Mas, felizmente, conseguimos nos unir, focar nossas energias, e no fim, tudo deu certo.
E para finalizar, vocês pensam em uma continuação para esse projeto? Já há alguma possibilidade de 2ª temporada?
Rodrigo: Recentemente gravamos novos conteúdos para a série, mas não podemos revelar para o que vai ser (risos). A galera vai precisar aguentar mais um pouquinho!
Allan: Estivemos em gravações recentemente, mas não podemos contar nada. Esperamos poder trazer novidades em breve.